Pouco antes do carnaval, quando recebeu o convite para se
apresentar na festa de aniversário de Nioaque, Rodolfo não pensou duas vezes
para aceitar. Precisou apenas confirmar se já não havia nada marcado nesta
data, e ao fazer isso viu que não poderia dar presente melhor à sua querida
cidade.
Maria Cecília e Rodolfo só haviam se apresentado em Nioaque
uma única vez, em 2008, com menos de um ano de carreira e às vésperas de gravar
seu primeiro CD. Naquela noite de 3 de maio a sede da Accatran ficou lotada como
nunca se viu, e nem mesmo o frio que fazia afastou as pessoas de apreciar o
filho famoso da cidade e sua companheira – até então só dos palcos.
5 ANOS... QUEM DISSE QUE O QUE É PERFEITO NÃO PODE MELHORAR?
Muitos duvidaram que a cidade pudesse oferecer estrutura
para um evento de tal tamanho, outros foram contra o show e chegaram inclusive
a acusar Rodolfo – muito injustamente – de ter vergonha de ser nioaquense, de
esconder isso até. Mas, como assim? Nioaque é uma delícia de cidade, mas como
alguém, por exemplo, que sempre viveu em São Paulo, ou no interior de Santa Catarina ou do Rio Grande do Sul, e não tem parentes na região saberia da
existência dela se não fosse pelo Rodolfo? Foi justamente ele que levou o nome
da cidade para todo canto em que passou, que sempre bateu no peito com orgulho
de sua origem, que contou lendas locais em rede nacional. Como assim? É esse
mesmo Rodolfo que tem vergonha de ser de Nioaque? É o mesmo que faz questão de
voltar lá sempre que pode para visitar amigos e familiares, para votar a cada
eleição, para repor as energias para essa vida que leva como artista? Das duas
uma: ou não falamos da mesma pessoa, ou quem disse isso, quem fez tal acusação,
o fez por inveja, despeito, ou qualquer outro sentimento vil e ruim, coisas que
Rodolfo nem sabe o que são.
Enfim, mesmo com essa turma “do contra” tudo foi se
encaminhando bem para a realização desse sonho. Mas poucos dias antes a região
de Nioaque inteira foi assolada pela chuva. Logo o nível do rio que leva o nome
da cidade subiu muito, e a inevitável enchente atingiu a população ribeirinha e
parte da zona rural, chegando inclusive próxima ao centro. A cidade se
mobilizou, prefeitura e exército agiram e correram retirar os atingidos pela
água e abriga-los em casas de amigos e parentes ou no ginásio de esportes. A
noite de domingo, uma antes do show, foi de muita apreensão. Em alguns lugares
até mesmo os caminhões do exército atolavam, e em outras só se chegava de
barco. Apesar do susto e dos prejuízos, graças a Deus nenhuma vida foi perdida.
Mas é claro que os detratores de plantão viram aí a oportunidade perfeita para
atacar. Perguntavam como era possível a prefeitura querer realizar um show tão
grande com tanta gente desabrigada. Então levantou-se a questão: adiantaria
alguma coisa não fazer o evento que todos aguardavam? A enchente acabaria se
cancelassem tudo? Rodolfo até propôs ao prefeito que o realizasse em outra
data, que para ele e Maria Cecília não haveria problema algum, mas isso não foi
necessário. E ao saber da situação da população Maria Cecília logo fez um apelo
na internet para que os que pudessem fizessem doações aos desabrigados, de
roupas, agasalhos, material de higiene e limpeza, água, fraldas. Logo o nível
do rio parou de subir e a situação ficou sob controle.
Mas se foi emocionante para quem assistia o show, certamente
foi mais ainda para Rodolfo. Adentrar o palco montado na pracinha onde ele
certamente brincou muito durante sua infância, onde ele andou de bicicleta e
jogou bolita com os amigos, deve ter provocado um sentimento tão inédito quanto
indescritível. Olhar para a plateia e reconhecer ali seus professores, seus
vizinhos, o moço da farmácia, o dono da bicicletaria, os amigos de infância,
muitos destes agora com seus filhos, seus pais, sua avó, enfim, sua vida. Nem
dá para imaginar o que se passou dentro de sua cabeça e de seu coração aquela
hora. E ver ali, junto à vida em Nioaque, que deixou para continuar seus
estudos em Campo Grande,
tudo o que a ela agregou, para aí sim se tornar o Rodolfo que é hoje. Sua
esposa, sua sogra, cunhados, os novos amigos, fãs que vieram de longe só para
testemunhar aquela noite... Estava tudo ali, junto, no mesmo lugar.
Quando o show terminou as pessoas comemoravam como ao final
de um campeonato de futebol, só que com todos torcendo pelo mesmo time. Todos se abraçavam, pulavam, gritavam de
alegria. A chuva parecia ter lavado a alma dos que assistiram àquele verdadeiro
espetáculo. Espetáculo, sim, não por ser um grande show de uma grande dupla,
mas por ser o show do menino de Nioaque, que agora é famoso no Brasil inteiro,
e de sua amada.
E encontrar Maria Cecília e Rodolfo no camarim dessa vez foi mais especial ainda. O brilho nos olhos dos dois era diferente, mais intenso. Estavam muito, muito felizes, isso ninguém pode negar. Se o show foi especial para a cidade, para eles não foi diferente. Voltar para cantar em Nioaque depois de 5 anos e muita história foi mais uma dose da injeção de ânimo de que tanto precisavam, depois de tudo o que passaram – e ainda estão passando – nos últimos tempos.
Claro que sempre vai existir quem seja do contra, quem ponha gosto ruim no que o outro faz só porque é um adversário político, não importando se é uma coisa boa para todos. As enchentes em Nioaque e região não começaram agora, e nem é agora que irão terminar, num passe de mágica. Os problemas são grandes e graves, é óbvio. O importante é que todos precisam se unir e trabalhar pelo bem comum, pelo bem do povo, tanto em Nioaque quanto em qualquer outro lugar. Mas sabemos que a realidade não é tão simples assim. Então, por que não dar um pouco de alegria à vida das pessoas, como fizeram o prefeito Gerson, sua equipe, Maria Cecília e Rodolfo, nesse 164º aniversário de Nioaque?
Para encerrar, voltamos novamente à questão do mito do íbis,
presente na música ADOÇANDO AS FALAS, e que já citamos no post sobre a gravação
do DVD. Só para recordar, o íbis (versão egípcia da lenda greco-romana da
fênix) periodicamente precisa voltar a seu ninho, onde renasce das cinzas, mais
forte e poderoso.
Então, que Nioaque, a exemplo do que aconteceu em Campo Grande na
gravação do terceiro DVD, seja o ninho de que Maria Cecília e Rodolfo tanto
necessitam para voltar ao lugar que lhes é de direito, e de onde nunca teriam
saído se não fosse pela ação de pessoas gananciosas e de mau caráter.
Que em Nioaque eles tenham encontrado também uma mãe, que mesmo de longe protege seus filhos, seja ela a “mãe passarinho” ou a “mãe leoa” (nem precisamos especificar quem é quem...).
Que a legião de fãs apaixonados e comprometidos aumente a
cada dia mais, multiplicando o amor que Maria e Rodolfo plantam no coração de
cada um a quem conseguem chegar.
Que esse show tenha sido o presente de que os nioaquenses
precisavam para superar mais uma vez as adversidades que infelizmente sempre
existirão.
E que, sobretudo, o amor e a energia trocados com a plateia
a cada show seja o ânimo de que Maria Cecília e Rodolfo precisam para acordar
todos os dias e continuar a fazer o que fazem, e que como o íbis encantador
voltem a voar, cada vez mais alto, e mais longe.
Nossos agradecimentos aqui ao prefeito Gerson Garcia e seu
vice Jefferson Zakimi; às gordinhas mais top da galáxia, Mayara e Mariana; ao
Rosca e toda a organização do show; à tia Irani, tia Vânia e tio Ildeu; à
população de Nioaque; à Maria e ao Rodolfo, que além de tudo o que sempre
falamos ainda nos levam a conhecer lugares e pessoas que jamais pensaríamos em
conhecer, e que agora não conseguimos ficar sem.
Obrigado!!!
E parabéns, Nioaque!!!
PS: Postaremos os demais vídeos aos poucos e avisaremos em nossas redes sociais.
PS: Postaremos os demais vídeos aos poucos e avisaremos em nossas redes sociais.