Há um ano não existia um fã de Maria Cecília e Rodolfo que não
estivesse com um frio na barriga. Nós todos precisávamos, devíamos mostrar a
eles que a tempestade havia, enfim, acabado. E não poderia existir melhor
maneira de fazer isso que não lotando o Parque das Nações Indígenas, uma das
paisagens mais bonitas de Campo Grande.
Fomos para lá saídos de todos os lugares: SP, SC, PR, GO,
MG, interior do MS e da própria CG, claro. Fomos chegando aos poucos, em grupos
ou individualmente, sendo recebidos de braços abertos por esse povo maravilhoso
da Cidade Morena.
Expectativa era nosso nome, e ansiedade o sobrenome.
Não importava o calor, nem mesmo a chuva que caiu na
véspera, mas chegou a nos assustar com aquela ventania toda. Não importavam as
horas de pé, nem a fome ou a sede. Não importava nem mesmo a corrida volta para
casa da maioria, que teria de trabalhar na segunda-feira. Tudo o que queríamos
era que as coisas saíssem da maneira mais perfeita possível.
Nos dias que antecederam a gravação providenciamos juntamente com os demais fãs e fã-clubes, outdoors
espalhados pela cidade, para mostrar à Maria e ao Rodolfo que estaríamos ali,
com eles, mesmo quando não estivéssemos presentes fisicamente ainda. E quem
ficou de fora, seja qual for o motivo,
também foi, de certa maneira, não com o corpo, mas com o coração.
E se nós estávamos ansiosos, com os nervos à flor da pele, o
dirão eles... E para os dois a carga emocional era maior ainda porque dentro de
um mês seria o casamento deles. Não podemos nem queremos pensar o que se
passava pelas cabeças e corações de Maria Cecília e Rodolfo. Depois de tudo o
que havia se passado, de toda a turbulência enfrentada, eles mais que nunca
precisavam que tudo desse certo.
E deu. Ah, como deu
certo...
A começar pelo dia, tudo foi perfeito. A chuva da véspera
parou, e o sol brilhou forte. Às duas da tarde, quando os portões do parque se
abriram e nós entramos o tempo parece que parou, ou que começou a passar de uma
maneira diferente, particular, especial, exclusiva. Nos ajeitamos perto da
grade e ficamos conversando, olhando o movimento, e mais que tudo tentando nos
acalmar e apenas esperar pelo que viria. Naquela hora os termômetros marcavam
42°C, mas estávamos tão anestesiados que nem sentimos tanto na hora, somente
quando a água que trazíamos acabou.
A estrutura era imensa, invejável. Um helicóptero dava
razantes, o palco era gigante, e estavam presentes todos os veículos da
imprensa. A tarde foi passando num tempo diferente do normal, não sabemos se
maior ou menor, mas diferente. E quando escureceu pudemos ver, enfim, as luzes
e, num piscar de olhos, os primeiros sons nos transportaram para outra
dimensão, e o espetáculo começou.
Quando Maria Cecília entrou, já aos prantos, ninguém
conseguiu mais conter a emoção. Choramos junto com ela, até mesmo os mais
durões. E então ela começa a cantar os primeiros versos de VOCÊ DE VOLTA, num
outro arranjo, para receber um não menos emocionado Rodolfo, com seus lindos e
grandes olhos marejados, num abraço tão forte, tão intenso, que nos sentimos
também ali, abraçados e abraçando. Mas aquele momento, ao mesmo tempo público e
então eternizado em filmagens, era tão particular, tão deles... Porque ali só
um poderia saber o que se passava dentro do outro. Era um abraço de “Vai dar
tudo certo!”, de “Conseguimos!”... Abraço de alívio, de conforto, de força.
Sobre todo o show não precisamos falar, porque já o fizemos
praticamente em detalhes há um ano. Destacamos, é claro, as participações
especiais dos amigos Munhoz e Mariano, Humberto e Ronaldo, Jorge e Mateus, e
dos ídolos e ao mesmo tempo fãs Zezé di Camargo e Luciano. Tivemos ainda o
momento ímpar da declaração de amor mais bonita e sincera dos últimos tempos,
com Rodolfo sozinho na voz e violão cantando MARIA, que dispensa apresentações,
e a performance do casal a cada música, numa animação invejável, única,
contagiante.
Mas se tem uma música que é nosso xodó, que ao menos para
nós explicita todo o sentimento envolvido nesse projeto, todo o seu
significado, é ADOÇANDO AS FALAS, ou melhor, um trecho dela: “É muito lindo,
como um íbis encantador renascendo todo dia.” Essas poucas palavras resumem
tudo. Recordando: o íbis é uma ave mitológica egípcia, cuja lenda diz que
precisa retornar a seu ninho periodicamente, quando se sente fraco, para dali
renascer, forte, capaz de voar para as terras mais distantes com toda a força
de suas asas, e ninguém consegue alcançá-lo.
Pois então, Maria Cecília e Rodolfo foram o íbis no dia 16
de setembro de 2012. Depois de tudo o que aconteceu, que todos sabemos e não
devemos nem precisamos relembrar, depois de toda a tempestade, de todas as
pedras e espinhos, nada mais justo que voltassem a seu ninho, sua terra, a
Campo Grande, onde tudo começou, junto aos seus amigos e familiares, a todos
que os viram começar nesse sonho e aos que se juntaram a estes depois. Era ali
que tudo deveria mesmo acontecer, e talvez por isso tenha demorado tanto, e
certamente por isso foi tão emocionante e tão bonito.
Maria, Rodolfo, que vocês sempre lembrem dessa data com um
carinho especial, por ter sido nela que um sonho de vocês, que acabou por se
tornar o de todos nós, se transformou em realidade. Que esse DVD tenha servido
para vocês verem e sentirem quem está com vocês de verdade, para o que der e
vier, seja debaixo de chuva ou de sol, quem nunca abandonaria o barco mesmo nos
piores momentos.
Acreditem, naquele dia, quando vimos nos olhos de vocês toda
a emoção que demonstraram, quando vocês choraram e nós choramos juntos, tivemos
certeza de que estávamos fazendo o certo, que estar ali presentes, de corpo ou
em pensamento e coração, era obrigação nossa. Não nos importamos com a correria
da viagem bate-e-volta, com o calor, o sol na cabeça, a sede, a fome, o
cansaço. Faríamos tudo de novo, quantas vezes fossem necessárias. E faríamos
com prazer. Chegaríamos antes dos portões abrirem e só iríamos embora depois da
meia-noite, como fomos, mas com certeza estaríamos tão felizes que nem
sentiríamos nada no corpo, só uma alegria imensa no coração, uma satisfação,
sensação de dever cumprido.
Agradecemos, é claro, aos amigos que nos apoiaram nessa
empreitada. À queridíssima Ângela Regasso, nossa diretora de diversões, que
ciceroneou e hospedou o FSI, e às tias Irani e Vânia, nosso muitíssimo
obrigado, por tudo! Vocês sabem que têm um espaço mais que especial no coração
e na história do FSI. Às gordinhas mais top das galáxias, Mayara e Mariana,
diretamente de Nioaque para o mundo, obrigado pela diversão, pela prosa sem fim
e pelo gelo derretido que matou nossa sede no parque. À menina que também nos
ajudou dando água antes das gordinhas chegarem, e de quem não sabemos nem o
nome, nosso agradecimento sincero: você nos salvou naquela hora.
E, enfim, a vocês, Maria Cecília e Rodolfo, nem temos
palavras para agradecer por ter nos permitido participar de um momento tão
importante. Vocês sabem que não importa o que acontecer, mesmo que às vezes não
pareça, estaremos sempre com vocês, para o que der e vier, chova ou faça sol,
com enchente, terremoto ou ventania, mesmo que sejamos criticados ou tachados
de loucos pelos que nos cercam e não nos entendem. E nos desculpem por não
fazermos mais, nem melhor.
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